No último sábado (21) foi encerrado o 28º Campeonato
Sul-Brasileiro. A competição foi disputada no Circuito Internacional Techspeed,
em Nova Santa Rita (RS), e foi motivo de alegria para um pai com larga participação
– nos mais diversos segmentos – no kartismo e automobilismo nacional e
internacional.
Em maio, seu filho Vitor Schunck venceu o Campeonato Gaúcho
e neste sábado o piloto confirmou seu ótimo momento ao finalizar o
Sul-Brasileiro com o vice-campeonato na F4 Super Sênior.
E este pai, Arlindo Schunck Filho, enviou um texto muito
interessante para o Portal Kart Motor. Confira:
PAI DE PILOTO, SOFRE… MAS VALE A PENA!! (Por Arlindo Schunck
Filho)
Finalmente, um campeonato!
Depois de anos de treinos, corridas curtas e longas, viagens
pelos kartódromos de todo o Estado — sem esquecer Beto Carrero (SC), Granja
Viana (SP) e tantos outros — enfim, um título gaúcho para chamar de nosso.
Mas antes de falar do presente, preciso voltar um pouco no
tempo. Minha história com o kart começou lá atrás, quase junto com a história
do kartismo no Rio Grande do Sul. Estamos falando de 1963. Hoje carrego, com
muito orgulho, o título de pai — e também de avô — de pilotos. Mas antes disso,
fui eu quem sentiu na pele (e no capacete) a paixão por esse esporte.
Tudo começou em Porto Alegre, num clube onde, aos 11 anos,
conheci um kart pela primeira vez, numa quadra de futebol de salão com piso de
cimento. Foi paixão à primeira vista. Algo que mexeu com a alma e, suspeito,
até com o DNA.
Passei a assistir corridas de rua, depois veio o primeiro
kartódromo, ainda em 1966 — antes mesmo do Autódromo de Tarumã — e, em 1970,
comecei a competir. Fui até 1983. Nessa época, o peso mínimo do conjunto kart +
piloto era 105 kg. Eu tinha 72. E os concorrentes eram ainda mais leves! A
matemática começou a pesar contra mim.
Mas o amor pelo esporte não terminou. Só mudou de forma.
Virei dirigente, passei pelo Automóvel Clube do RS, pela Federação Gaúcha, pelo
CTDN da CBA. Participei de três provas de Fórmula 1 na equipe técnica. Até
jornal especializado mantive. Fui a três mundiais de kart. A velocidade não
largou de mim. E, pelo visto, também não vai largar da família.
Hoje, temos três da “linhagem Schunck” disputando kart em
alto nível: Artur, Anthony e Vitor. Todos aceleram há anos no CEKI, no Beto
Carrero, em Penha (SC). Fazem parte de uma equipe de nome curioso: Amigos de
Piçarras. Se conheceram no litoral, mas hoje correm por todo o Brasil, unidos
pela amizade e pela paixão.
Os dois primeiros (Artur meu filho mais velho e Anthony meu
neto) já fizeram história em pistas como Granja Viana, Aldeia da Serra e
Interlagos. Já o Vitor, meu filho do meio, escolheu fincar as rodas no solo
gaúcho — esse celeiro de talentos do kartismo nacional. Há pelo menos dois anos
ele vinha flertando com o título estadual. Um ano escapou uma corrente. No
outro, quebrou um cubo de roda. Sempre liderando, sempre batendo na trave.
E aí, meu amigo… o pai sofre.
Fui Diretor de Prova por muitos anos. Vi de perto o
nervosismo de pais e mães tentando, com os olhos ou gestos, guiar os filhos
pelas curvas. Só entendi de verdade essa angústia quando a vivi. Não tem
coração que não aperte.
Mas também não tem orgulho maior do que ver um filho dando o
máximo, crescendo a cada volta, encarando adversidades com maturidade,
respeitando decisões de pista e aprendendo — com grandeza na derrota e
humildade na vitória.
É por isso que digo: o automobilismo tem seus riscos, claro.
Mas cria cidadãos como poucos esportes conseguem. E ver nossos filhos se
tornando grandes pessoas é o verdadeiro troféu.
Neste 21 de junho, além do Campeonato Gaúcho, ainda veio de
presente um vice-campeonato Sul-Brasileiro, contra uma turma da pesada. Uma
conquista que vale muito. Mais um motivo para agradecer:
Obrigado, Vitor Gaulke Schunck, por mais essa alegria.
Mas você sabe, filho... no kart — como na vida — não existe
título sem sacrifício, sem dedicação e sem foco. Que venham as próximas curvas!