publicidade
16/11/2021 14:53

Comissários Desportivos, Comissários Técnicos e Diretor de Prova: conheça as funções básicas de cada um

Autor: FG Com - Assessoria de Comunicação CBA


Foto: Jackson de Souza

Restando poucas semanas para a disputa da 56ª edição do Campeonato Brasileiro, entre 6 e 18 de dezembro no Kartódromo Beto Carrero, o engenheiro Ricardo Molina, membro da Comissão Nacional de Kart (CNK) e responsável pelo planejamento e execução da parte técnica dos eventos de kart organizados pela Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), ressaltou alguns pontos importantes sobre o trabalho dos comissários durante os eventos automobilísticos.

O objetivo desta divulgação é destacar aos competidores, equipes e a todos que participarão do maior evento de kart do país as obrigações e deveres destes profissionais, que são fundamentais para o cumprimento de todas as regras da competição.

De acordo com Molina, para muitos pilotos em diversas categorias, a atuação dos comissários técnicos e vistorias ao final da competição não é bem compreendida. “Não são raras as vezes em que pilotos chegam ao parque fechado reclamando de algum lance que ocorreu durante as provas para os responsáveis pela pesagem, ou mesmo interrompem verificações, medições, para cobrar atitude dos oficiais de prova ali presentes em relação a algum toque, batida, ou outra ocorrência nas disputas que recém terminaram”, explica Molina.

Diante deste quadro, o membro da CNK resumiu abaixo as funções básicas de cada um dos oficiais de prova:

• Diretor de Prova:

Resumindo o que diz o Código Desportivo de Automobilismo da CBA, redigido com base no International Sporting Code da FIA (ISC-FIA), segundo o Artigo 84, este oficial deve, entre outras atribuições.

I - Assegurar a ordem sobre o local da pista;

II - Assegurar-se de que todos os oficiais estejam nos seus postos;

III - Assegurar-se de que todos os oficiais estejam munidos das informações necessárias;

VIII - Fazer com que os pilotos avancem com seus veículos para a linha de largada, posicionem-se na ordem prescrita e, estando nas suas devidas posições, autorizar a largada;

IX - Apresentar aos comissários desportivos toda proposição de modificação do programa, faltas, infrações ou reclamações de um competidor;

X - Tomar a decisão de interromper a prova, aplicável a todos os campeonatos, torneio, copas ou troféus da CBA e FAUs;

XI - Receber as reclamações e remetê-las, sem retardo, aos comissários desportivos que decidirão o caminho a ser seguido;

XII - Comandar o briefing com pilotos, navegadores e chefes de equipes.

“O que salta mais aos olhos é que não são poucas as funções desempenhadas pelo diretor de prova, o que o deixa sempre em grande evidência durante todo o evento. Todavia, o que queremos salientar aqui é que o diretor de provas não pune pilotos, membros de equipe ou outras pessoas relacionadas a pilotos por suas faltas, técnicas ou desportivas. Esta função cumpre aos comissários desportivos”, esclarece Molina.

• Comissários Desportivos:

Os comissários desportivos são os encarregados de julgar os atos e fatos desportivos e técnicos durante um evento. Para o julgamento, os comissários desportivos se valerão de:

I – Provas;

II – Depoimentos dos oficiais de competição;

III – Depoimentos dos envolvidos;

IV – Perícias (relatórios dos comissários técnicos e pilotos consultores).

“Qualquer desvio da idealidade ocorrida durante uma prova, logo após sua disputa, ainda no parque fechado, que envolva os aspectos Desportivo ou Técnico, serão sempre julgados pelos comissários desportivos, que decidirão sobre a gravidade, a necessidade ou não de punição e/ou orientação dos envolvidos, bem como as punições que possam porventura ser aplicadas”, lembra Molina.

• Comissários Técnicos:

Os comissários técnicos são os encarregados de todas as verificações concernentes às partes eletromecânicas e de segurança dos veículos.

Compete aos comissários técnicos:

I - Exercer o controle seja antes, durante e após a prova, ou em momentos determinados, se requerido pelos comissários desportivos;

II - Comunicar o resultado de suas operações apenas aos comissários desportivos e ao diretor de prova;

III – Comunicar aos comissários desportivos a liberação dos veículos do parque fechado;

IV - Preparar e assinar, sob sua responsabilidade, os relatórios, remetê-los aos comissários desportivos para aprovação e anexá-los à pasta da prova;

V - Reter para exames apropriados, pelo tempo que for necessário, as peças e/ou componentes em caso de dúvida nas verificações técnicas.

“Os comissários técnicos são ‘escravos da régua’. Durante este último final de semana, quando foi realizado o GP de São Paulo de Fórmula 1, citei esta frase para ilustrar o ocorrido com a asa traseira do veículo Mercedes #44. Durante a vistoria realizada após a classificação, os comissários técnicos se utilizaram de um gabarito previsto em regulamento que consistia em um disco de nylon 85mm de diâmetro, medida esta que determinava a distância máxima entre os elementos da asa, quando o chamado DRS estava aberto. O resultado foi que, naquele carro, esta distância estava acima do permitido”, comenta Molina.

“A partir deste ponto, simplesmente não interessa se aquela falha técnica resultou ou não em vantagem para aquele piloto ou equipe, se foi intencional ou não, ou mesmo se se tratava de um piloto diretamente envolvido na disputa pelo título mundial. Uma vez detectada a não-conformidade na vistoria, o fato deverá ser imediatamente relatado aos comissários desportivos, que farão as deliberações para tomar as decisões, e escolher a punição mais adequada dentro daquelas previstas no CDA para a falta relatada”, continua.

Molina também lembrou que o comissário técnico não assiste as corridas, principalmente em eventos com provas de várias categorias, realizadas em sequência, frisando que não é esta a sua função. “Assim sendo, o piloto que chegar ao parque fechado com alguma não concordância em relação aos fatos da prova, alguma reclamação a fazer, deve se dirigir diretamente à secretaria de prova para registrar seu protesto, sendo inócuas as tentativas de envolver os comissários técnicos neste processo. A estes caberá, apenas, relatar casos de confronto pessoal entre pilotos ou entre estes e outras pessoas presentes ao parque fechado ao final de uma prova, sendo isto um dever previsto em regulamento”, elucida.

Para finalizar, Molina lembra que é absolutamente errado dizer que “uma corrida só acaba na bandeirada”. “A corrida poderá ter seu resultado alterado mesmo depois do recebimento da bandeira quadriculada, de acordo com o que ocorrer durante a volta de desaceleração, o processo de pesagem, o estacionamento do veículo no Parque Fechado, a interferência de um piloto sobre o seu veículo ou o de outro concorrente durante todo este processo, bem como as medições feitas nos componentes escolhidos pelos comissários técnicos naquele momento (sendo impossível, pelo tempo disponível, checar a totalidade dos itens em regulamento), exceto quando houver protesto de itens específicos por parte de algum concorrente (solicitação esta que deve ser feita na secretaria de prova ainda durante a vistoria)”, declara.

Neste aspecto, o membro da CNK reforçou as questões abaixo:

• Qualquer adulteração que ocorrer em seu veículo durante a volta de desaceleração será considerada como irregularidade técnica, mesmo não tendo ocorrido durante a prova. Exemplo: recuo de painel dianteiro (Bico) em qualquer situação, como determina o Regulamento Internacional de Kart da FIA;

• O piloto não deve executar qualquer reparo, desmontagem, medição em seu veículo sem a autorização expressa de um comissário técnico (incluindo medição de pressão de pneus);

• A interferência com o veículo de outro concorrente pode gerar uma punição, como vimos ocorrer com o piloto do Red Bull #33, após a classificação do GP São Paulo de F-1. Naquele caso, uma multa foi aplicada, mas sempre haverá a interpretação dos comissários desportivos de acordo com o testemunho dos oficiais presentes no parque fechado.

“Toda esta explanação deve deixar a seguinte mensagem: há procedimentos a seguir, por pilotos e comissários, para que as disputas sejam justas, a competição seja sadia, e o esporte como um todo evolua. Estes procedimentos passam por evoluções constantes, novas ferramentas são inseridas, mas dependerão sempre da colaboração de todos os envolvidos. Assim é nas provas regionais, nacionais, bem como nos campeonatos mais importantes do mundo. Trabalhemos para que tudo corra sempre da maneira mais correta possível”, finaliza Molina.

  • Não há comentários cadastrados até o momento!