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22/06/2022 16:00

Essere Ferrari

Escrito por Wagner Gonzalez
Jornalista especializado em automobilismo de competição

Foto: Ferrari

Sainz: pneus duros contribuíram para adiar primeira vitória


Não é de hoje que a Ferrari comete erros estratégicos que contribuem para alongar seu jejum de títulos e evitar vitórias. Desta vez esse conhecido episódio aconteceu na fase final do GP do Canadá, quando Carlos Sainz, então líder da prova, parou receber um novo jogo de pneus duros na volta 49, a 21 da bandeira quadriculada. Nessa altura Max Verstappen usava o mesmo composto, assumiu a liderança e conseguiu manter a posição apesar de todos os esforços do piloto espanhol para evitar a sexta vitória do atual campeão mundial.

De acordo com a Pirelli, fornecedora de pneus da categoria, a pista canadense tem alto grau de maturação: na medida em que os carros completam mais voltas, mais borracha é deixada no asfalto e, consequentemente, aumenta a aderência desse equipamento. A fabricante indicou ainda que os pneus de composto médio teriam eficiência maior em uma faixa de 22 a 28 voltas, ou seja, teriam condições de permitir a Sainz chegar ao final da prova sem problemas.

Considerando que o Safety Car entrou na pista na volta 49 e lá ficou por outras cinco até que o carro de Yuki Tsunoda fosse retirado da área de escape da saída do box, a janela de utilização plena dos pneus seria ainda menor, entre as voltas 55 e 70. Mesmo que Sainz tenha se queixado de desgaste no pneu dianteiro esquerdo no seu primeiro stint, então usando pneus médios, a mesma opção seria a mais indicada: permitiria andar mais rápido que o rival holandês e tracionar melhor na entrada do trecho mais rápido da pista, a reta que margeia a raia olímpica da ilha de Notre Dame.

Da forma como aconteceu, o espanhol conseguia se aproximar no trecho superior da pista – a seção mais travada –, mas quando precisava reacelerar em velocidade mais baixa após o grampo situado no trecho oposto ao paddock, Verstappen explorava melhor a tração do seu carro e, mesmo com a asa aberta, o piloto da Ferrari não estava próximo o suficiente para emparelhar com o holandês e disputar a freada da curva 0, manobra crucial para que ele voltasse a assumir a liderança. Ao final, o consolo de conseguir mais um pódio e ter feito a melhor volta da prova, ponto extra graças ao tempo de 1’15”749 registrado na 63ª passagem.

Com o resultado da prova Verstappen ampliou ainda sua liderança no campeonato, onde agora soma 175 pontos, contra 129 do companheiro de equipe Sérgio Pérez – que abandonou com problemas no motor –, e 125 de Charles Leclerc, que largou em 19º lugar por ter trocado componentes da unidade de potência e conseguiu terminar em quinto.

Cena rara este ano, Lewis Hamilton, voltou a subir ao pódio ao terminar em terceiro, à frente do seu companheiro George Russell, que segue como único piloto a pontuar em todas as corridas da temporada.

Vale destacar o rendimento sólido da dupla da Alpine: Fernando Alonso largou na primeira fila, ao lado do pole Verstappen, explorando ao máximo as consequências de uma prova de classificação disputada em pista molhada. O bicampeão mundial (2005/2006) terminou em nono, enquanto Estebán Ocón foi sexto.

Após uma série de problemas mecânicos, a Alfa Romeo-Sauber logrou chegar ao final da prova com seus dois pilotos: Valtteri Bottas foi sétimo e Guanyu Zhou oitavo. Lance Stroll fechou a fila dos dez primeiros.

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