publicidade
24/09/2019 13:00

Brasileiro e Copa Brasil - Desejo de vitória e os obstáculos do esporte

Escrito por Vinícius Escarlate
Equipe V11 Kart

Pessoal, bom dia.

Como sempre, quando escrevo, coloco meu ponto de vista em relação ao que ocorre no kartismo brasileiro, que interfere não apenas nas percepções dos pilotos, mas também nas consequências para as equipes e para o próprio esporte. Hoje vou abordar alguns temas observados no Brasileiro de Cascavel, que, se as autoridades competentes prestarem atenção, poderão propor melhorias para termos não só a maior e a melhor Copa Brasil dentre todas as edições.

Mantenho também o elogio à adoção de boas práticas, como a manutenção da parceria com o SporTV, para a transmissão das Finais com alcance nacional, que traz retorno de mídia para patrocinadores, possibilitando maior chance de apoio a pilotos que se dedicam intensamente para continuar competindo. Outro ponto positivo foi a nova programação de treinos, sendo 5 treinos de 10 minutos na terça e na quarta. Com uma pausa razoável entre as seções, era possível fazer grandes modificações e as equipes tinham condições de testar muitos ajustes e equipamentos, buscando o melhor acerto para os pilotos.

Quero ainda ressaltar o ótimo trabalho do Diretor de Provas Ernesto, que diferente do Brasileiro de 2012 ou da Copa do Brasil de 2016, preferiu sabiamente – e até obviamente – utilizar a alça fora do “S”, na curva 1, para as largadas. Bem mais seguro, vimos menos acidentes. Segurança em primeiro lugar.

Agora, têm coisas que não mudam. Vejo que o Clube de Cascavel fez ótimo trabalho, com as obras exigidas, a grama colocada nos morros, o que não deixou a terra cair na pista, como em 2012. A pista em ótimas condições, mas com tantos kartódromos mais próximos dos grandes centros, mais modernos, com amplo estacionamento, e aqui posso citar vários – Velopark, Canasvieiras, Raceland, Aldeia da Serra, Interlagos, RBC e Itumbiara, dentre outros –, não entendemos essas escolhas. Temos que lembrar que a prioridade são os clientes!!

Vamos às observações do brasileiro:

* Separação de Categorias – As categorias F4 Super Sênior e F4 Super Sênior Master cresceram nos últimos anos, mas ainda competem no mesmo grid. Imaginem uma situação. Você é 2° colocado em uma das categorias, porém 3° na geral, e o líder está em 1° na geral. É final do Campeonato Brasileiro. Daí, para ser campeão, você precisa ultrapassar 2 concorrentes.....não tem o menor sentido. Entendemos a questão da programação, mas isso desfavorece a competitividade.

Final Categoria F4 Sênior – Essa categoria, provavelmente a mais equilibrada dessa edição do Brasileiro, em que até eu corri, pude ver duas questões bem de perto. Em primeiro lugar a tentativa frustrada do já campeão brasileiro (2017) Flaviano Ramos, que após obter a posição 11 no warm up, tentou (confirmada por comissários e chefes de equipe), trocar a flange do motor – ação proibida por regulamento. Pra que Flaviano? Você parece ser um ótimo piloto, e coloca agora até em dúvida seu título!! O pior de tudo é que a CBA permitiu que ele corresse a final, e sua equipe ainda abasteceu seu kart no pré grid, com galão e funil, ação vista por muitos pilotos..... O comissário fez vista grossa e deixou passar....Minha opinião é: se existe o crime de homicídio e de tentativa de homicídio, deveria haver a sacanagem e a tentativa de sacanagem. Faltou “peito” à CBA para retirar o piloto do grid e puni-lo de forma adequada. Sabemos que em competições internacionais, muitas vezes o piloto não passa da pré vistoria, nem corre, mesmo quando não há intenção.....Imaginem se fosse isso lá fora.

Procedimento de Pesagem – Na segunda fase, vi um piloto da F4 Super Sênior Master pesar, não atingir o peso, passar cerca de 15 minutos e pesar novamente. Bom, lá dentro do Parque Fechado tinha um banheiro......daria tempo de beber 1 litro de água, e já ganhar 1 kg.....ou colocar algo dentro do macacão...pesagem tem que ser na hora.

Vistoria – Um piloto da Graduados estava com uma biela não autorizada. Não havia essa biela na ficha de homologação. Foi alegado que essa biela vinha em um dos modelos mais antigos dos motores MY10. Nada encontrado. A CBA não tinha um motor desses para confirmar essa peça......e basicamente o aviso ao piloto foi: “não use essa biela amanhã, pois pode dar problema”. Desculpe, mas se formos nessa linha de “não use esse escapamento errado, se não pode dar problema amanhã, ande no peso certo amanhã”, fica muito complicado.

Procedimento de Recursos / Punições – Tudo nessa área é muito polêmico. Claro, se não fosse difícil, todos reclamariam por tudo, aí não funcionaria, e por isso é importante um procedimento que barre os aproveitadores. Mas, termos apenas 30 minutos para reclamar de uma situação de pista, é restritivo demais. A começar, a divulgação dos resultados estava muito lenta. Como equipe, não temos só essa atividade para fazer, como piloto, muitas vezes o resultado de uma bateria saía quando já estamos novamente na pista. Não tem sentido.

Agora vou dividir duas situações com vocês: um piloto da nossa equipe foi punido por supostamente ter tirado da prova um concorrente. Acontece que nem próximo ao concorrente ele esteve.... Será que o Comissário confundiu o número? Então, quando vimos a punição já tinha passado, e muito, o prazo para reclamação e isso acabou com nossa chance de título. Os Comissários deveriam anunciar todos os pilotos envolvidos em punições para eles terem ciência e se defenderem. Como me defendo de algo que não tenho ideia de que posso estar sendo acusado?

Outra questão..... Na categoria Novatos, um outro piloto da minha equipe foi atingido por um concorrente e voltou para a prova e chegou 30 segundos atrás desse concorrente. Aí o concorrente foi punido em 10 segundos! Ué, qual a lógica disso? Quem prejudica um concorrente tem que ter prejuízo maior que o prejudicado em prova. Pelo menos deveria ser assim. Dessa forma fica mais justo, para diversas situações. Se um piloto dá um toque no concorrente e consegue devolver a posição, segue o jogo. Se joga pra fora e o piloto não retorna à prova, bandeira preta. Se tira o adversário e ele volta para a prova, tem que ser punido de forma a ficar, no resultado final, atrás dele. Felizmente, nesse caso, acompanhamos o procedimento a tempo e os Comissários mudaram a punição. Mas isso deveria ser um critério definido.

Bom, em resumo, sempre há o que melhorar, estou expondo o que vi, percebi e tive envolvimento direto. A CBA tem entregue um evento organizado, principalmente no aspecto de cumprimento de cronograma, mas está muito aquém, se pensarmos em atingimento de volume. 500 pilotos é bom, como foi no Beto Carrero? Pra mim, não. Poderíamos ter 750, ou 1.000 pilotos. A começar, por que a CBA não aproveita o retorno de mídia da SporTV, vende cotas de patrocínio e diminui o valor das inscrições. Por que quando escolhe um lugar distante, não paga o frete dos karts, para ter mais inscritos? Por que não ouvem mais pilotos, equipes e prestadores em geral, que podem contribuir com o esporte? Por que não aproveitam a rede de relacionamento que tem nesse meio para trazer benefícios, prêmios, sorteios, descontos, ou qualquer outro atrativo? A CBA pensa pequeno demais para o tamanho do esporte, para o tamanho dos sonhos da criançada, para o tamanho da missão que ela deveria possuir. Nem sei ao certo se ela enxerga que tem uma missão a cumprir!